Título da mensagem: uma copia do livro de Elizabeth Gilbert, não sei o quanto isso é ético ou não, só sei que não consegui pensar em nada melhor. Esse titulo, tem tudo a ver com a atuação que se segue.
Hoje começo esse relato com um pensamento que me veio, qdo levei 1h30 para chegar no Hospital: "Que loucura é essa, cruzar a cidade e pegar esse baita transito para chegar, sendo que tem um hospital de atuação que fica do lado de casa..."
A resposta para essa minha pergunta está, na Luz que o meu hospital tem!
Quando eu digo o hospital, incluo, as pacientes,a enfermagem e o ambiente em si.
Hoje o corredor estava vazio, eram apenas 3 quartos ocupados, num total de 5 leitos, 5 mulheres lindas e apaixonantes ! Achei que fosse ser rapidinho,por ter pouca gente, e que conseguiria depois, ir para outro andar, graças a Deus me enganei...engatamos um papo delicioso e demorado que renovou toda minha bateria!
O primeiro deles, estavam lá, J com seu carinhoso marido e sua irmã, e Dona Q com sua querida filha de acompanhante. Papo vai , papo vem, caímos no assunto comida, e eu verde de forme,rs. Descobri q a Dona Q é uma cozinheira de mão cheia, que faz uma farofa como ninguém, me deu ate receita de feijão.A empolgação sobre comidas foi tanta, que o marido da J, se juntou no papo e contou as coisas que ele fazia, hummmm, só de lembrar da água na boca! Ficamos um longo tempo conversando, qdo descubro q a D.Q esta no auge dos seus 79 anos, falando assim imaginamos uma senhorinha né, toda franzina, enrugadinha, pois é, ela é o oposto disso, toda cheia de energia, super falante, toda animada com a vida, o segredo disso: "É o amor minha filha, eu amo todos aqueles que estão ao meu lado", e digo mais, parece que essa energia toda está no DNA, sua filha que a acompanhava, ja é viúva, com apenas 50 e poucos anos,poderia ser uma mulher tristonha, mas não,lá está o DNA da Dona Q, tristeza e baixo astral, não fazem parte dessa genética! No fim desse papo gastronômico, recebi o irresistível convite, de um dia experimentar a farofa da Dona Q. Bem que eu gostaria...
J, engatou o papo junto, contou que pai dela tem 22 filhos, "oq é isso, perguntei eu ,22 filhos mais como???" e ela: "22 filhos de 4 mulheres diferentes, e vc não acredita, num é que todas elas se dão super bem, que não tem guerra de ciúmes, que os filhos se adoram" Pensei eu, que raridade...
Sai deste quarto com a alma leve, nem parecia que eu estava em um hospital e sim em uma delicioso restaurante, regado de bom papo, boa companhia e deliciosa comida!
Em seguida fui para o segundo quarto, qdo entro esta a Dona J, deitada de roupa em sua cama e ao lado a V,no maior tricô, as 2! Fiquei até em dúvida,se a dona J era paciente ou acompanhante da V, rs ! Ela tinha feito uma cirurgia ontem , e já tinha recebido alta, que beleza, mais uma vez a força das mulheres do Perola em ação! Bom, nem preciso dizer, que engatei mais um looongo papo nesse quarto, o assunto principal foram os netos da Dona J, que delicia ela contando as peripécias de sua netinha, demos muita risadas juntas! A V, uma paz, que meus Deus, tinha feito a cirurgia ontem, cirurgia simples Graças a Deus, e teria sua alta amanhã! Me contou que é a casada a 22 anos, tem 2 filhos, super bem resolvida, mais um segredo aqui: "Meu marido não pega no meu pé, nunca pegou, eu também não faço isso com ele", opa, aqui vai mais um pensamento meu, puxa eis o segredo de um casamento feliz e duradouro!
Por fim o terceiro quarto, sem querer,quase fui embora sem passar por ele, mas um sopro divino, acredito,me levou até lá. Nele estava sozinha, M.R, toda embrulhadinha em seu cobertor, parecia um pacotinho! Perguntei se ela estava com tanto frio e ela me pediu com toda delicadeza:"Será que vc pode colocar esse cobertor que está aqui atrás em mim?" O Ideal, seria eu ter chamado a enfermeira para fazer isso mas, não pesei 2 vezes e a cobri. O meu desejo, na verdade, foi poder cobri-la, beija-la e dar um forte abraço,por motivos óbvios me contive. Meu coração me dizia que ela estava fragilizada, senti uma afeto por essa mulher inexplicável.
Durante o nosso papo, ela acabou me contando o que tinha, estava com câncer no útero, em estágio avançado,onde já não poderia mais ser operada, e para minha revolta,é revolta, foi isso que senti na hora, soube que tempos atrás, em outro hospital, ela havia tirado uns cistos do ovário e que médicos daquele lugar, não detectaram esse câncer, que segundo ela, foi descobrir depois que já estava lá.
Para piorar a situação, esse mesmo hospital, depois de diagnosticar esse tal de câncer, q estava no estagio 1,não o trataram direito, e essa maldita doença, foi tomando forma, e ocupando espaço no corpo dela.
Ela me disse algo assim, não me lembro as palavras exatas: "agora não tem mais oq fazer" e depois falou algo sobre morte...
Neste momento, meu coração quis encontrar alguma forma de fazer com que ela não pensasse na morte e sim na vida, e disse a ela: "Querida, não pense em morte agora, pense em vida, enquanto se tem vida, se tem esperança! Voce tem fé?" ela disse que sim, e então disse: "Tenha Fé em Deus mas, tenha fé em você também, acredite no seu poder, na sua recuperação, não desista, mantenha sua cabeça positiva, tenho certeza que você vai aguentar, firme e forte "
Encerrei a conversa com um exercício que já havia algum tempo não fazia nas minhas atuações...
Perguntei a ela se ela preferia campo ou praia, a resposta foi praia.
Então, disse: "feche os olhos, agora se imagine num campo, lindo beeeem verde, onde bate um sol quente, gostoso, uma brisa leve em seu rosto, agora, imagine um Deus, um Deus enorme, te envolvendo, te abraçando, te protegendo de todo mal, te cobrindo com energias boas. Agora, se imagine saindo desse campo, com toda essa energia, chegando em sua casa, sendo recebida pelos seus familiares, todos eles te cobrindo de beijos e abraços. Vai abrindo seus olhos, e levando essa sensação com voce. Tenha força, minha querida, vc vai sair dessa, vitoriosa!"
É com esse exercício de luz, de amor e de paz que me despeço de vocês!
um forte abraço
Dra Risoquita
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